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Risco

I.A. e gestão de riscos: vulnerabilidade ou oportunidade?

Em acelerada adoção global, a inteligência artificial oferece novas possibilidades e ferramentas na gestão de riscos organizacionais e do talento. Aproveitar esta oportunidade implica também olhar e gerir os riscos intrínsecos da tecnologia.


Com a democratização do acesso a soluções de inteligência artificial (I.A.), acelera-se a adoção de tecnologias disruptivas por parte das empresas, de forma global.

A I.A. permite introduzir níveis sem precedentes de eficiência, automatização, análise, resposta e predição nas diferentes áreas de uma organização. Transformam-se as ferramentas que usamos, todos os dias, mas também o próprio trabalho, o business thinking e a forma como cada negócio e setor se posiciona junto de clientes e parceiros, integrado numa sociedade também ela em acelerada mudança.

Este contexto, ainda relativamente novo e em organizações que começam agora a dar os primeiros passos na adoção transversal da I.A., traz naturalmente riscos emergentes – ligados sobretudo à tecnologia em si (incluindo riscos legais e éticos), mas também ao gap entre as competências necessárias para usar a I.A. e as competências da força de trabalho atual (e também de clientes e parceiros). Os riscos gerados pelos vieses algorítmicos, espelho dos vieses dos criadores humanos das soluções e ferramentas, também não podem ser ignorados.

Estes riscos devem ser analisados, compreendidos e respondidos com soluções inovadoras de gestão e mitigação, em linha com o trabalho que temos também desenvolvido na Aon.

Não obstante, é fundamental que não olhemos para a relação entre a I.A. e a gestão de riscos apenas nesta vertente. A evolução tecnológica, com todo o seu potencial, traz também oportunidades emergentes de apoiar a gestão de outras tipologias de risco e de pessoas.

Tecnologia e talento são elevados riscos nacionais e globais

No Global Risk Management Survey (GRMS) 2023 da Aon, o risco cibernético / data breach apresenta-se como o principal risco a ser gerido pelas empresas, tanto em Portugal, como na Europa e a nível global.

Por outro lado, mão-de-obra e retenção de talento são também questões importantes nos riscos nacionais e internacionais. Para as empresas portuguesas, a escassez de mão-de-obra e a dificuldade na captação/retenção ocupam, respetivamente, a 5º e a 6º posições no top de riscos. Já a nível global, o risco de dificuldade na captação e retenção de talento está na 4.ª posição. É a primeira vez que riscos relacionados com recursos humanos surgem tão acima no ranking, desde que a Aon lançou este survey, há quase 20 anos.

Como pode o potencial da I.A. ser aproveitado para gerir estes riscos que afetam as empresas? Na Aon, analisamos diariamente formas de a I.A. contribuir para a robustez e capacidade das organizações perante os riscos. Desde já, pela quantidade e qualidade dos dados que passam a estar disponíveis às empresas. Mas não só.

Da cibersegurança aos RH: como a I.A. pode ajudar na gestão de riscos organizacionais

Com a I.A., as empresas podem beneficiar de soluções sofisticadas de segurança e autenticação contra riscos cibernéticos e de data breach, capacitando-se na forma como protegem os seus dados e criam acessos seguros e diferenciados aos seus colaboradores.

Em termos de matérias-primas e stocks, por exemplo, as soluções de I.A. melhoram as capacidades preditivas das empresas, melhorando a eficácia na gestão de stocks e armazéns e criando cadeias de valor mais otimizadas e menos vulneráveis a erros humanos. Um contributo que pode minimizar os riscos logísticos e de escassez de matérias-primas.

No lado das pessoas, a introdução de algoritmos e ferramentas de machine-learning estão a transformar a gestão de talentos e a moldar o futuro da contratação. As soluções de I.A. permitem maior eficiência e custos reduzidos na contratação, assim como a melhoria da experiência do candidato e do colaborador através de insights robustos de dados atuais e capacidade preditiva. Torna-se imperativo, ainda assim, que estas oportunidades sejam acompanhadas de estratégias de supervisão e controlo destas aplicações tecnológicas, assim como de um desenvolvimento de competências dos colaboradores em trabalhar com ferramentas de I.A.

Com um equilíbrio delicado entre os seus riscos intrínsecos e benefícios, a I.A. pode trazer benefícios inegáveis no apoio à gestão dos riscos organizacionais, com novas soluções para temas (de base tecnológica ou não) que afetam as empresas no seu dia a dia. Saber alcançar este equilíbrio é fundamental para gerar soluções de elevado valor que beneficiem efetivamente pessoas, negócios e a economia, no seu todo.