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Longevidade da força de trabalho: como maximizar o potencial dos colaboradores mais velhos?

Com o aumento da esperança de vida e a transformação das dinâmicas do mercado de trabalho, é essencial que as organizações reconheçam e valorizem a contribuição que os colaboradores mais velhos podem aportar. Estes profissionais trazem consigo uma vasta experiência e um conjunto de competências que podem ser cruciais para um sucesso sustentado a longo prazo. À medida que a população envelhece, espera-se que, até 2054, a esperança média de vida global atinja 77,4 anos, e que o número de pessoas com 65 anos ou mais ultrapasse 2,2 mil milhões(1). Este cenário não só desafia as organizações a repensar a idade da reforma, mas também a forma como integram os colaboradores mais velhos nas suas equipas. É fundamental desmistificar os estereótipos associados à idade, pois muitos colaboradores mais velhos desejam continuar ativos e produtivos. Estudos mostram que a maioria deles se sente positiva em relação ao trabalho e que a exaustão é mais comum entre os mais jovens. Além disso, os colaboradores mais velhos podem ajudar os mais novos a conhecer melhor o mercado e os clientes, especialmente em setores que exigem experiência técnica. Muitos destes profissionais passaram também por diferentes transformações tecnológicas, estruturais ao longo das suas carreiras, tornado-os resilientes e abertos a mudança sendo excelentes mentores dos colaboradores mais novos em tempos de mudança

Para maximizar o potencial desta força de trabalho, as organizações devem implementar programas de requalificação e atualização de competências, adaptando as funções às necessidades dos colaboradores mais velhos. A comunicação aberta e bidirecional é crucial para criar um ambiente de confiança, onde os colaboradores se sintam valorizados e motivados a contribuir.

A promoção da saude e bem-estar também é outro fator relevante em que as empresas devem investir, oferecendo programas que vão de encontro dessas especificidades. A saúde é um fator determinante na decisão de quando se reformar, e as organizações devem garantir que os benefícios de saúde satisfazem as necessidades dos colaboradores mais velhos.

Além disso, à medida que os colaboradores se aproximam da reforma, é vital que as organizações ofereçam suporte no planeamento financeiro, ajudando-os a entender suas opções e a se prepararem para essa transição. A implementação de modelos de reforma parcial e a educação financeira são algumas das soluções que podem facilitar essa passagem.

As organizações devem considerar a criação de empregos que possam evoluir ao lado dos colaboradores, permitindo flexibilidade e oportunidades de desenvolvimento contínuo. A transferência de conhecimentos é outra área importante, onde os colaboradores mais velhos podem orientar e formar os mais jovens, garantindo que a experiência é partilhada transversalmente em toda a organização.

Para melhor adaptar o pacote dos seus benefícios é importante utilizar dados e análises às diferentes necessidades deste grupo demográfico. É fundamental que ouçam os seus colaboradores, em especial os mais velhos, para compreender melhor o que os motiva e como podem ser apoiados. Isso pode ser feito através de inquéritos e feedback contínuo, permitindo que as organizações ajustem suas estratégias de acordo com as necessidades reais.
Ao adotar uma abordagem holística e baseada em dados, as organizações não apenas promovem um ambiente de trabalho mais inclusivo, mas também garantem que todos os colaboradores, independentemente da idade, possam prosperar e contribuir para o sucesso coletivo. A longo prazo profissionais mais velhos são ativos valiosos e a sua presença nas empresas agregam valor, experiência e resiliência.

 A valorização da experiência e das competências dos colaboradores mais velhos é, sem dúvida, um passo crucial para um futuro mais sustentável e equitativo no mercado de trabalho.


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(1) Perspectivas da População Mundial 2024I Nações Unidas