Risco
M&A: como enfrentar os riscos em tempos de fragilidade económica
Numa altura de maior instabilidade económica é, mais do que nunca,
fundamental perceber bem o complexo mercado de transações, e agir
consoante as especificidades do mercado.
As M&A, mergers and acquisitions [fusões e aquisições], e outras
transações de mercado são ações que envolvem muita complexidade, sobretudo
num período como o que vivemos, após o brutal impacto económico da
Covid-19. O estudo
Transaction Liability Insurance Claims Study: An update on claims
activity in North America and EMEA during an unprecedented year, da Aon, aponta os principais desafios enfrentados pelas empresas no
mercado de seguros para transações, assim como as tendências mais
marcantes.
No relatório da Aon destaca-se o facto desta atividade seguradora não ter
abrandado em 2020, apesar das condicionantes provocadas pela pandemia e
pela consequente incerteza do mercado, pese embora as hesitações e
renegociações iniciais. Bem sabemos, num mundo em constante movimento, os
negócios não podem parar e as
fusões e aquisições
fazem parte da realidade de muitas empresas. Contudo, a sua complexidade,
e a imprevisibilidade associada, exigem uma preparação cuidada, capaz de
enfrentar os desafios do mercado e aplicar as estratégias de investimento
mais eficazes.
Um seguro M&A pode fazer a diferença quando o assunto são fusões e
aquisições, já que dá às empresas ferramentas que contribuem para que
estejam mais protegidas durante todo o processo. É preciso, ainda assim,
ter a capacidade de antever as tendências de mercado e estar preparado
para um desafio sensível e exigente. Para tal, há dados e conclusões que
importa analisar.
Quando falamos de M&A importa ter dois fatores em consideração: a análise
do risco e as garantias e manifestações. Por um lado, é preciso avaliar
bem os riscos que estão inerentes a uma transação, e perceber o contexto
envolvente, nomeadamente a nível fiscal e até de participações pendentes.
Além disso, é premente avaliar a eficiência do programa de seguros, a par
de eventuais carências e, dessa forma, procurar soluções.
Por outro lado, o incumprimento das garantias e manifestações pode
implicar perdas massivas para o comprador. Como tal, um seguro que abrange
contingências não conhecidas no momento da compra-venda revela-se, muitas
vezes, essencial.
A Aon tem-se afirmado como um parceiro de confiança nesta jornada das
empresas, e os números falam por si: na América do Norte, por exemplo, a
equipa M&A participou, em 2020, em mais de 725 representações e garantias,
bem como apólices de seguros fiscais e passivo contingente. Para o mesmo
universo, ajudou os clientes em cerca de 150 participações, o que
representa um aumento de 23,5% em relação a 2019. E nem mesmo o ritmo mais
lento do mercado, com maior receio em relação a potenciais riscos e
análises mais ponderadas, impactou o volume, que se manteve significativo
nos primeiros seis meses de 2021.
Se, por sua vez, analisarmos os resultados na região EMEA, a frequência e
gravidade das participações ainda não estão ao nível dos valores
apresentados pela América do Norte. A Aon contabiliza, na EMEA, mais de
150 participações desde 2015, o total que a América do Norte contabiliza
em 12 meses. A variação pode ser justificada, em parte, pela diferença nas
práticas de compensação e divulgação de informação na Europa, o que
estabelece um padrão mais elevado para um comprador entrar em
incumprimento. Não obstante, o surgimento de participações mais complexas
ao longo do último ano pode indiciar que se avizinham tempos de mudança
para o mercado EMEA.
Analisando tendências, entre 2013 e 2020 as participações submetidas na
EMEA deixaram perceber que há três tipos de violações mais comuns: o não
cumprimento das garantias fiscais ou indemnização fiscal pré-fecho (22%),
falhas na representação das garantias financeiras (18,4%) e na divulgação
de informação (9,6%).
Em relação a outros dados, é possível perceber que apenas 46% das revisões
de uma participação – e respetiva notificação, em termos de políticas da
EMEA –, aconteceram nos primeiros 12 meses após a transação. 54% foram
submetidas após esse período, sendo que 29% do total foram submetidas mais
de 18 meses após o fecho. Se compararmos com a América do Norte, 61% das
participações acontecem no primeiro ano depois da transação.
São, portanto, muitos os fatores em jogo quando falamos de seguros M&A,
bem como da sua aplicabilidade em cada região. Cada caso deve ser
analisado não apenas na sua especificidade, mas também atendendo ao
contexto e ao local em que surge, uma vez que a sua circunscrição e as
políticas aplicadas vão influenciar os processos e a sua resolução. É, por
isso, fulcral trabalhar com equipas especializadas, conhecedoras da
realidade fiscal, e ainda das particularidades regionais que tanto
influenciam as fusões e aquisições, assim como os seguros associados.