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Mapas de Risco 2020: pandemia faz aumentar riscos e violência política

A pandemia de Covid-19, mais do que um sério problema de saúde pública, está também a relevar-se uma preocupação para a nossa sociedade a vários níveis. Com a escalada do número de infeções pelo novo coronavírus um pouco por todo o mundo, vários países viram-se obrigados a adotar medidas extraordinárias severas de contenção da transmissão comunitária, bem como a assistir a uma quebra abrupta do comércio global, cenários que acabaram por gerar uma maior pressão nas economias e governos, ao mesmo tempo que contribuíram para uma mudança do panorama geopolítico a longo prazo.

É com base nesta nova realidade, bem como na influência que a Covid-19 está a exercer a nível socioeconómico, que a Aon identifica e analisa na mais recente edição dos seus Mapas de Risco (Risk Maps 2020, em inglês) os riscos políticos, de terrorismo e de violência política a nível global, que sofreram um agravamento em 2020 face ao contexto pandémico. O objetivo deste trabalho passa por apoiar as empresas na resposta às consequências que estes fenómenos podem ter nos seus negócios. Fiquemos a conhecê-los:

Risco de desordem civil está a aumentar nos países desenvolvidos

De acordo com os Mapas de Risco da Aon, países que dependem bastante de setores como o turismo e o retalho – dois dos mais afetados pelas medidas de confinamento – ou que apresentam uma elevada taxa de vítimas mortais para a pandemia, incorrem neste momento num maior risco de enfrentar protestos ou confrontos civis contra os seus governos.

Em risco estão também os países desenvolvidos, entre os quais se estima que três em cada cinco países estão podem vir a enfrentar episódios de desordem civil. Para as empresas, este é um cenário particularmente preocupante, uma vez que a maior ocorrência deste tipo de episódios traz não só uma maior instabilidade social e política, como também um impacto negativo na sua atividade, refletido em repetidas interrupções nas cadeias de distribuição, redução da produtividade, destruição e roubos de espaços e recursos, e até perdas nas receitas. Como agravante, surgiu ainda a pandemia de Covid-19, que veio despoletar um maior descontentamento das pessoas face às medidas de contenção do vírus adotadas pelos diferentes países, bem como às normas para a retoma das economias.

Ataques de extrema-direita são atualmente uma das formas mais letais de terrorismo

Outra tendência que se tem registado em vários países, sobretudo do Ocidente, é a escalada da extrema-direita no cenário político e, em paralelo, o aumento de ataques terroristas organizados pelos seus militantes, que se vem registando desde 2016, e que se prevê continuar em 2020. Destaque, neste âmbito, para os Estados Unidos da América, para a Alemanha e para a França, que foram em 2019 os três países com maior número de ataques sofridos, com 53, 17 e 8% do total de episódios, respetivamente.

Para além do poder político, também as empresas multinacionais, em particular as empresas dos setores tecnológico, bancário, financeiro e mediático, têm sido alvo de mensagens hostis criadas por militantes da extrema-direita, sobretudo pelo seu apoio a estas causas disruptivas – como as alterações climáticas ou a comunidade LGBTQ+ – ou pelo seu combate ao discurso de ódio que tem proliferado nos últimos anos.

Já relativamente ao nível de exposição dos países ao risco de terrorismo, no seu sentido lato, Portugal surge como um dos mais seguros da Europa, com um nível de exposição baixo, sendo acompanhado na mesma categoria por países como Finlândia, Irlanda e Holanda. Em contrapartida, França, Grécia e Polónia são dos países europeus com maior nível de exposição ao risco de terrorismo.

Drones são testados como possível arma para ataques terroristas

Ainda na lista de riscos apontados pelos Mapas de Risco da Aon está a utilização de drones para a concretização de ataques terroristas, organizados particularmente por grupos de terroristas islâmicos, que já testam esta tecnologia desde 2016.

Só em 2019, nove dos maiores aeroportos do mundo sofreram incidentes com drones, tendo como consequência a não realização de voos. Contudo, o setor da aviação não é o único a apresentar vulnerabilidades neste âmbito. Também as áreas da energia e do desporto, por exemplo, se encontram expostas a esta possibilidade.

Covid-19 gera maior controlo do Estado sobre a economia

Já ao nível do risco político, destacam-se três fatores que podem gerar maior vulnerabilidade para as empresas: primeiro, o risco de imposição de restrições comerciais entre países, que impedem ou dificultam a globalização da economia – tal como acontece com as sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irão, e que já se refletem na quebra do Produto Interno Bruto do país; em segundo lugar, o risco de interferência política na economia, sobretudo em forma de expropriação, um cenário que afasta possíveis investimentos privados; por fim, o risco de controlo da moeda, dado que a flutuação nos valores monetários leva à imprevisibilidade de receitas e custos e, por sua vez, ao desinvestimento das empresas em determinada economia.

Apesar destes serem mais frequentes em países em desenvolvimento, a verdade é que a Covid-19 veio reformular algumas normas já estabelecidas em países desenvolvidos, nomeadamente a nível comercial e monetário, o que leva a que exista uma maior exposição das empresas a cenários que podem afetar negativamente a sua atividade.

Como enfrentar a escalada destes riscos?

Face ao clima de incerteza sobre o impacto que a Covid-19 pode ainda ter a nível político e socioeconómico, e à escalada de um conjunto de riscos políticos, de terrorismo e de violência política, é muito importante que as empresas estejam capacitadas para dirigir o seu processo de gestão do risco.

 

Para isso, é preciso reconhecer quais os riscos a que podem estar expostas, identificar atempadamente as áreas em que existe uma maior exposição e qual o nível de impacto de cada risco, para, posteriormente, se implementarem medidas de contenção e mitigação desses mesmos riscos, de modo a assegurar a continuidade e sustentabilidade do seu negócio.