Risco
Riscos e oportunidades da Transformação Digital
A mais recente crise financeira contagiou a economia global, desacelerou os mercados, e congelou o investimento na inovação devido à quebra de confiança nos sistemas financeiros e nos próprios governos. No entanto este cenário já mudou. Apesar de muitas consultoras e especialistas indicarem que uma nova crise financeira e recessão global poderão tomar forma em 2020, a verdade é que o mercado global está a crescer e a ajustar-se aos novos modelos de negócio, de consumo, de investimento e de gestão criados por uma transformação imposta pela evolução tecnológica.
A obrigatória transformação digital deu início a uma nova revolução industrial que está a obrigar as empresas a abandonarem totalmente os tradicionais modelos de negócio e de gestão, sob pena de ficarem na sombra de um mundo altamente conectado. Mas esta transição, ainda que necessária, está longe de ser pacífica.
A transformação digital e a gestão de risco corporativa parecem seguir caminhos paralelos. Qualquer processo de transformação vai implicar novos riscos e acionar inevitavelmente todas as políticas de proteção e segurança de uma organização. Devem as empresas seguir um caminho mais seguro que não coloque em causa a viabilidade do negócio, ou avançar para esta transformação acautelando alguns riscos?
Esta transformação digital vem revolucionar toda a componente operacional e estratégica das empresas, logo, a gestão de riscos e as políticas de segurança devem ser ajustadas a todo o processo, evoluir e acompanhar de perto todo a migração.
Mudanças, riscos e metas
Ficar à margem da transformação digital não é uma opção. Qualquer empresa que escolha manter-se nos arredores do mundo conectado não vai conseguir chegar ao novo consumidor, competir num mercado que é agora global, atrair o melhor talento ou sequer garantir o grau de inovação que alimenta a nova economia. Ou seja, para ter acesso a todas as vantagens e oportunidades, as organizações terão que estar dispostas a correr alguns riscos, que podem ser acautelados e endereçados durante todo o percurso. O atual mundo dos negócios rege-se por novas regras e existem novos protagonistas no centro de toda ação.
Consumidores forçam mudança
Graças aos smartphones e aos demais dispositivos conectados, as indústrias trabalham para um consumidor mais informado e exigente, extremamente crítico e pouco fiel. É um cliente que procura permanentemente algo inovador e diferenciador, fácil, útil e cómodo de usar. Por esta razão, as marcas já não vendem produtos e serviços, vendem experiências que respondem a necessidades distintas. Independentemente de apostarem em I&D ou na aquisição de tecnologias e estratégias disruptivas, as empresas têm que inovar para conseguirem criar uma oferta que lhes garanta uma vantagem competitiva.
Tecnologia e visão estratégica de mãos dadas
A tecnologia vai otimizar processos, aumentar a produtividade, reduzir riscos, reforçar segurança e garantir a inovação que a empresa necessita para vingar no mercado. No entanto, esta tecnologia só terá um impacto positivo se estiver totalmente ajustada às necessidades e objetivos da empresa. Um plano de implementação tecnológico sub/sobredimensionado pode comprometer as metas ou mesmo a viabilidade de uma empresa. A tecnologia pode envolver alguns riscos, mas também ajuda a prevenir e a endereçar esses riscos.
Mudança de mentalidade
A transformação digital tem que ser transversal à empresa. À margem de toda a componente tecnológica, é necessária uma mudança cultural, orientada para o futuro e para esta nova era, em todos as áreas de negócio e departamentos. Muitas organizações terão que mudar a mentalidade em relação ao próprio risco e às políticas de segurança, para mitigarem possíveis problemas ao nível das informações pessoais e da privacidade. A agilidade e competitividade necessárias só poderão ser garantidas com um esforço coletivo e bem direcionado.
Caça ao talento
As mudanças na força de trabalho vão estar no centro do processo de transformação. Para conseguirem assegurar a melhor estratégia, visão e oferta, as empresas têm que procurar os melhores especialistas e conseguir atraí-los com uma proposta diferenciadora. Os novos profissionais são mais exigentes, querem desafios que lhes permitam crescer profissionalmente e pessoalmente, e dão preferência a um digital workplace.
Mundo físico e digital sem fronteira
A permanente transição entre o mundo digital e físico é feita de forma totalmente transparente. Não existem restrições. Este cenário levanta alguns grandes desafios às empresas. Por um lado, têm que garantir a segurança de ambos os espaços e a proteção de um dos ativos mais importante desta nova era - os dados – mantendo presente que uma falha de segurança em qualquer um destes mundos pode rapidamente comprometer o outro. Por outro lado, este nível de segurança nunca pode criar restrições que penalizem a livre circulação entre o físico e o digital. A nova era da IoT, da mobilidade, da Big Data, da cloud e da IA vive desta relação íntima entre a propriedade física e digital, pelo que qualquer barreira que comprometa este ciclo de funcionamento e a experiência de utilização pode ter efeitos muito negativos.
O poder dos dados
Sistemas e dispositivos recolhem permanentemente dados que são cruciais para o negócio das empresas. No entanto, para que estes possam ser convertidos em informação relevante têm que ser previamente analisados e interpretados. As empresas que conseguirem utilizar corretamente os dados dentro da sua organização poderão obter insights estratégicos, tomar decisões mais informadas e em tempo-real, capitalizar o valor dos seus dados e usufruir de uma importante vantagem competitiva no mercado. Esta vantagem pode ser determinante para aproveitar as oportunidades que surgem diariamente.
Um novo mundo de oportunidades
A transformação tecnológica está a revolucionar todas as indústrias, desde as mais tradicionais às mais modernas, e afeta toda a sua estrutura de funcionamento. A relação com o consumidor é talvez a faceta mais visível desta mudança, no entanto, todos os processos operacionais e de gestão são impactados.
Independentemente de se tratar de um setor ligado ao desenvolvimento, produção e distribuição de produtos, ou de uma simples empresa de serviços, a revolução digital vai garantir ganhos em várias áreas cruciais para o sucesso das empresas neste novo e mais exigente mercado:
Velocidade
Os dados, as comunicações e a tecnologia vão acelerar o time-to-market e a capacidade das empresas responderem às necessidades dos seus clientes, seja na entrega de produtos ou na tomada de decisões.
Eficiência
As ferramentas digitais e a mudança cultural ou de posicionamento que esta transformação digital exige dar às empresas maior produtividade, agilidade e capacidade de resposta. Estes ganhos de eficiência permitem uma abordagem ao mercado mais positiva, uma redução dos riscos e uma atividade mais bem-sucedida.
Visão
Os dados, os ganhos de eficiência, de velocidade e a automatização de processos vai permitir aos gestores redefinirem as suas metas e realinharem as suas estratégias, para conquistarem áreas de mercado complementares e promissoras. O mundo conectado não tem fronteiras como tal permite que qualquer empresa se posicione como global para conseguir aproveitar todas as oportunidades.
Esta nova era tecnológica abre a porta a inúmeras oportunidades para todas as indústrias. As que realmente conseguirem perceber estas tecnologias e aplicá-las da melhor forma ao seu negócio vão conseguir prosperar no futuro.
O risco inerente ao processo de transformação digital é real, no entanto, uma boa estratégia de migração pode garantir uma transição bem-sucedida. Com políticas, procedimentos e governança apropriada, as organizações podem capitalizar as oportunidades, monitorizar e mitigar os riscos e endereçar os desafios que possam surgir nas mais distintas áreas - sistemas de TI, pessoas, processos e controlos.
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