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Saúde mental no trabalho: Principais desafios e boas práticas

Além do impacto na saúde geral, os problemas associados à saúde mental têm-se tornado mais frequentes e mais dispendiosos, colocando uma enorme pressão tanto sobre prestadores de cuidados primários, como para os próprios empregadores. Os problemas de saúde mental são já uma das principais causas de incapacidade dos trabalhadores e o custo associado é cada vez mais dramático.

O bem-estar emocional, ou “fitness emocional”, deve portanto tornar-se um foco para os empregadores. A linguagem usada pode ser importante na ajuda da redução do estigma em torno deste problema. Stephanie Pronk, da área de Health Transformation da Aon, explica o surgimento da designação "fitness emocional": “é uma denominação nova que pretende reunir aspetos típicos do treino físico com os aspetos mentais e emocionais do desempenho humano. Ao adotarem este nome, seremos mais capazes de perceber que existem formas de melhorar a condição mental, e não apenas a condição física.”

OS 6 PRINCIPAIS FATORES DE STRESS NO TRABALHO

O stress faz parte do dia-a-dia, no entanto, com tempo e intensidade suficientes, eventualmente pode transformar-se em ansiedade avassaladora e inclusive em incapacidade de lidar com os desafios diários. Rod Hart, da área de Health Transformation da Aon, enumera os seis principais fatores de stress emocional no local de trabalho:

1 – Stress relacional

Decorrente de conflitos interpessoais, tanto a nível pessoal como com os colegas de trabalho, o stress relacional evidencia a necessidade premente de os funcionários aprenderem como comunicar de maneira assertiva e saudável, bem como conhecerem ferramentas para resolução de conflitos.

2 - Isolamento social

Embora passar tempo sozinho seja importante para descansar e refletir, a interação social é igualmente importante. No entanto, a tendência tem sido sentirmo-nos cada vez mais isolados, em parte por causa da nossa ligação com os dispositivos digitais. As redes sociais em particular podem estar a levar as pessoas a sentirem-se mais isoladas, dando a ilusão de interação social.

3 – Questões crónicas no trabalho

A American Psychological Association descobriu que 65% dos americanos indicaram o trabalho como uma das suas principais fontes de stress. Este tipo de stress não “se desliga” quando os funcionários deixam o escritório e se se prolongar no tempo pode afetar seriamente o estado mental. Um dos fatores que contribui para este tipo de stress são os tempos de trabalho excessivos.

4 - Finanças pessoais

Um estudo da PWC descobriu que mais de metade dos trabalhadores relatou estar stressada sobre as suas finanças, o que está a levar mais empregadores a implementar programas de “bem-estar financeiro”, que visam ajudar os colaboradores a gerir adequadamente o seu dinheiro e a estabelecer hábitos financeiros mais saudáveis. 5 - Falta de reconhecimento À medida que as organizações se tornam mais globais e dependem cada vez mais da tecnologia para a comunicação entre equipas, pode haver uma perceção pelo trabalhador de que o trabalho se está a tornar menos pessoal. Esta distância e a falta de reconhecimento podem criar um ambiente onde os funcionários se sintam desconectados.

6 - Envelhecimento e preocupações geracionais

Num tempo em que a tecnologia está a evoluir rapidamente e as startups têm equipas mais jovens, diferenças geracionais podem ser causa da divisão no local de trabalho. Uma forma de impedir este problema poderá ser promover a comunicação apropriada no local de trabalho.

A IMPORTÂNCIA DE INVESTIR NA SAÚDE MENTAL

Investir no bem-estar emocional dos funcionários significa dar um impulso na produtividade, com impactos diretos nas contas de qualquer empresa. Embora o absentismo devido a questões relacionadas com a saúde mental seja um problema, mesmo o “presentismo” − quando os funcionários estão no seu local de trabalho mas alienados e improdutivos − pode afetar a produtividade. "Se compararmos a assiduidade dos trabalhadores de uma empresa que tenha uma estratégia para fomentar o “fitness emocional” com uma que não tenha existe uma diferença de 30%", revela Rod Hart, "indicando que o investimento no bem-estar emocional melhora significativamente a performance no trabalho".

Identificar os colaboradores que precisam de apoio e depois fornecer acesso aos cuidados é de suma importância para manter a saúde geral da sua equipa. Quando os impactos diretos e indiretos dos problemas de saúde mental são considerados, torna-se claro que o investimento no bem-estar mental e emocional do empregado compensa.

Funcionários que sofrem de problemas de saúde mental ainda enfrentam o desafio de não serem diagnosticados. Independentemente do progresso feito para as desestigmatizar, as conotações negativas ainda existem se alguém admitir que tem um problema mental − algumas não querem parecer frágeis e temem que isso possa custar-lhes o emprego ou prejudicar as relações com os colegas. "Uma grande parte do tratamento da saúde mental é normalizá-lo", afiança Hart. Muitas vezes, uma organização não está preparada para lidar com indivíduos que enfrentam problemas relacionados com saúde mental. Hart explica: "Em pesquisas recentes, reparámos que quase 60% dos supervisores e gestores afirmaram que não têm ferramentas e conhecimentos para abordar problemas relacionados com a saúde mental".

De acordo com Hart, alguns passos práticos que os empregadores podem tomar para ajudar a promover um melhor bem-estar mental no local de trabalho incluem:

• Reduzir o estigma em torno da saúde mental, criando uma estratégia de promoção de “fitness emocional”

• Avaliar o ambiente de trabalho, identificar e abordar questões que afetem negativamente a saúde mental e emocional dos funcionários

• Treinar líderes e gestores para identificar os subtis sinais de alerta de um funcionário em dificuldades, identificando oportunidades para lhe oferecer apoio e encaminhando-os para os serviços de saúde.

• Promover aulas ou seminários para que os funcionários possam aprender técnicas para combater o stress

Veja outras boas práticas para promover o bem-estar dos colaboradores aqui.

Se uma estratégia adequada for implementada, os efeitos positivos compensarão. Stephanie Pronk elabora: “Apesar de ser verdade que o trabalho e o ambiente de trabalho podem gerar stress e problemas de saúde emocional nos funcionários, também parece ser certo que ambos podem ter efeitos positivos quando o fitness emocional se torna um foco nas empresas.” Se o resultado dessa estratégia for eliminar ou reduzir o stress no local de trabalho, os benefícios podem ser sentidos em toda a organização − incluindo um aumento no sentimento de pertença e na produtividade dos funcionários. A longo prazo, um ambiente de trabalho mais feliz e menos stressante pode até contribuir para a melhoria geral da saúde física dos seus funcionários.